sexta-feira, 17 de outubro de 2014

"o assassino era o escriba" por Paulo Leminski




Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, regular

como um paradigma da 1ª conjunção.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça..
Paulo Leminski

Referência:
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, p. 158.

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