quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CAVALGADA por Raimundo Correia


A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...

E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ESPERANÇA por Vicente de Carvalho






Só a leve esperança em toda a vida
  disfarça a pena de viver, mais nada;
  nem é mais a existência resumida  
que uma grande esperança malograda.
 
O eterno sonho da alma desterrada,
  sonho que a traz ansiosa e embevecida,
 é uma hora feliz, sempre adiada
 e que não chega nunca em toda a vida.

  Essa felicidade que supomos  
árvore milagrosa que sonhamos
  toda arriada de dourados pomos
 
existe sim; mas nós não n´a encontramos,
  porque está sempre apenas onde a pomos   
                                                                                                   e nunca a pomos onde nós estamos.