sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"FILHOTE DE VENTO" por Elisabeth Prescher Martins


Era noite. Todos dormiam.

No quarto das crianças tudo estava calmo.

As crianças dormiam em suas camas e os brinquedos dormiram nas prateleiras.

Só uma pequena luz iluminava o lugar.


De repente, um ventinho começou a cantar.

- Uuuuuuuu - fez o vento.



- Psssssiu - falou a porta - vai acordar a

menina.



- Pssssssiu - disse a janela - vai acordar o bebê.

Mas o vento, malandrinho, não parava de cantar:

- Uuuuuuuu.

Ele entrava pela janela, balançava a cortina, rodopiava pelo quarto e ainda fazia cócegas na porta.

- Você é mal-educado! Vai acordar todo mundo - disse a fechadura.

- Imagine! Sou um ventinho à-toa. Estou só brincando um pouquinho - falou o vento.

- Pois vá brincar noutro lugar - disse a Fechadura, muito zangada -  você não dorme, não?

- Que barulho é esse? Quem foi que me acordou? - perguntou a cortina, delicada.

- Fui eeeeeeuuuuuu - disse o vento todo importante.

Depois disso, ninguém mais dormiu.

Bolas, bonecas, brinquedos, todos foram acordados pelo vento brincalhão.

- Vocês não viram nada! Sei soprar muito mais forte. Olhem só...

E o vento, muito vaidoso, soprou mais ainda:

- Uuuuuuuuuuu

O vento, porém, era só um filhote, um ventinho.

Ele ainda não era bem-treinado e soprou forte demais...

- Pam! - a janela se abriu.

- Bum! - a porta se fechou.
- Buááááá - chorou o bebê.

- Manhêêêê - gritou a menina.

- Olha só o que você aprontou! - disse a boneca de pano - acordou as crianças e jogou tudo no chão! Essa agora foi demais!





O vento, atrapalhado, fez uma bruta confusão.

Bonecas, aviões, bolas e petecas se espalharam pelo chão.

Até o palhacinho, normalmente tão



engraçado, não estava achando nada

divertido.




Mas, de repente, a porta se abriu.

- Mamã! - choramingou o bebê.

- Manhêêê! - gritou a menina.

- É a mamãe! - disseram os brinquedos.




- Eu não disse que ela vinha? - falou o urso com ar de sabido.


- Nossa! Que confusão! Mas que vento

danadinho! - disse a mãe das crianças -

Calma, meus queridos, mamãe está aqui.

Não precisam se assustar. É só um vento.

Mamãe vai dar um jeito.



 


E a mamãe começou a cantar uma canção muito bonita.

Sua voz era tão suave que todos foram se acalmando.



Dormiu a menina.

Dormiu o bebê.

Dormiram a boneca de pano, o palhaço e o

trem.

Dormiu todo mundo.





E, vejam só, o filhote de vento... dormiu também.








Texto de ELISABETH PRESCHER MARTINS
Ilustrações de LENINHA LACERDA
EDITORA MODERNA








Acalanto


É tão tarde

A manhã já vem

Todos dormem
A noite também

Só eu velo

Por você, meu bem



Dorme anjo

O boi pega Neném
Lá no céu
Deixam de cantar



Os anjinhos
Foram se deitar
Mamãezinha
Precisa descansar


Dorme, anjo
Papai vai te ninar


"Boi, boi, boi,
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta"


(Roberto Carlos/1972) 

    

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